A "dieta do DNA"
- Daniel Barreto de Melo
- 30 de jan. de 2019
- 2 min de leitura

O que é a “dieta do DNA”? Este é um termo utilizado para se referir a planos alimentares elaborados com base em testes genéticos, mas “isso já é realidade?”, “posso fazer o meu?”, “quais os benefícios?”. Desde o sequenciamento do genoma humano, em 2003, diversos estudos têm sido realizados para avaliar a relação entre o DNA e a ocorrência de doenças. Ao longo desses 16 anos, observou-se também que as pessoas respondem de maneira diferente à alimentação quando se possui determinadas variantes genéticas (vou simplificar chamando-as apenas de SNPs) e que isso poderia impactar na prevenção de doenças, emagrecimento, rendimento esportivo, risco de lesões, atividade antioxidante, etc. A partir dessas informações, os laboratórios desenvolveram testes genéticos para analisar os SNPs de interesse. Por exemplo, é possível avaliar as chances de se ter diabetes por meio da análise de SNPs em genes relacionados ao diabetes e, inclusive, propor intervenções nutricionais personalizadas. Isso já é realidade e já se pode fazer no Brasil! . Contudo, vamos a esclarecimentos essenciais: 1) Os testes apenas avaliam alguns SNPs (15, 60, 120 ou mais, a depender do lab e do teste), porém temos 3,2 bilhões de regiões onde podem haver SNPs e pouco se sabe sobre o impacto das diferentes combinações nas doenças e respostas. Por exemplo, se eu tiver 9 SNPs favorecendo o emagrecimento e 10 o ganho de gordura, vou ser magro ou obeso? 2) Em geral, a sequência do DNA não muda ao longo da vida; contudo, nutrientes, compostos tóxicos, estresse e outros fatores podem alterar a conformação do DNA e impedir que certas respostas ocorram. Logo, nem sempre ter alguns SNPs favorecendo um infarto fará com que uma pessoa venha a infartar.
3) As pesquisas científicas são específicas às populações estudadas. Por exemplo, SNPs em um gene associado ao diabetes (TCF7L2) representam riscos e respostas diferentes quando são avaliados na Europa ou na Ásia. No Brasil, temos poucos estudos; além disso, nossa população é bastante miscigenada. Os testes já são realidade e apresentam grande relevância clínica, todavia devem ser analisados com MUITA CAUTELA e por um profissional devidamente qualificado.
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